quinta-feira, 23 de junho de 2005

Bus Trip ...

As relações humanas são muito complexas como se constata à medida que se cresce, se experencia e se desenvolve o intelecto. Falar sobre as mesmas ainda se torna mais complicado, sobretudo numa altura em que começo a por em causa certos princípios tidos como certos. A adaptação de personalidades, de pontos de vista, de ideais etc nem sempre é fácil. E quando esse processo não é bem sucedido entre pessoas que são forçadas a conviver (familiares ou colegas) o resultado é lastimoso e dá-se origem a vários conflitos de interesses. Na verdade eu só quero encontrar paz e só encontro guerra. Cada vez se torna mais difícil para mim conviver com quem me rodeia e iludir-me a mim e os outros de que estou bem. Sinto que falhei, olho para traz e não vejo nada de que me possa orgulhar e muito menos algo que por si só me motivasse a continuar.
É possível que por gostar tanto de viver me recuse a desperdiçar esta vida limitando-me a deixá-la passar, indiferente, por mim. Tenciono um papel activo e de preferência, com sucesso.
Mas de que forma? Se para onde vou, não sei... Também que importa?! Temo que nada me espere. E que eu espere de mais.
Sem firmeza, opto por deixar que o autocarro me passeie e aprecio esta viagem cujo destino permanece desconhecido.
Porque terá tudo uma razão? Porque será que tudo tem um caminho previsto? Não me é consentido simplesmente vaguear?
Se me deixo levar estritamente pela razão que me faz agir, desprezo todas as outras à minha volta, que me permitem apreciar os deleites deste percurso.
À espera de encontrar a paragem que faz parte do meu rumo, ao caminhar de autocarro abstraio-me das restantes por que passo. No final o que aproveito?

2 comentários:

Anónimo disse...

As relações com os outros têm sempre um grau de complexidade agregado e é por isso que se tornam tão difícieis e tão maravilhosas ao mesmo tempo. No entanto, não acho que o teu "problema" seja a relação que manténs com os outros.

Não te sentes satisfeita contigo mesma. Se não consegues estar bem contigo, nunca estarás com os outros. Os teus conflitos interiores têm de ser resolvidos em primeiro lugar e só depois poderás passar para os conflitos que manténs com os outros.

Quanto ao teu autocarro...se te incomoda tanto não saberes para onde vais, pede ao motorista para parar um bocadinho e deixar-te decidir onde queres sair. Se mesmo assim, não souberes goza a viagem. Há muito a aproveitar numa viagem sem rumo definido e só tens de aprender isso.
Relaxa...e curte a viagem :)

Anónimo disse...

Embora a tua linha de raciocinio esteja muito boa, parece-me um bocado violenta em alguns pontos. Violenta no sentido de ser agreste para ti própria.

Chegas a meio do texto e os pontos de interrogação passam a ser a tua pontuação favorita, isso é sintomático da conclusão a que chegas no final em que não tens certezas sobre o teu destino. Até aqui tudo bem, o que não percebi é como podes ter tantas certezas dos teus pontos de vista e ideais (parto desse principio por fazeres referência ao choque de ideias), e tão poucas dos teus objectivos. Poder-se-á dizer que uma coisa não tem haver com a outra, e eu concordo, mas não é comum alguem ser tão mal distribuido em termos de certezas. Eu apostava mais em como as tuas bases não são tão sólidas quanto pensas, e os teus objectivos mais concretos do que a maneira como os vês.

Uma coisa que te pode ajudar na crise que te atormenta é tentares não viver as coisas pelos resultados, e mais viver as coisas pelas coisas. Tu vais-te aperceber disso quando chegares ao fundo da rua que atravessas.