quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Fingir o que sentir ou sentir o que finjo?

“Somos criaturas de tal modo volúveis que até acabamos por sentir os sentimentos que fingimos”
Benjamin Constant

Será esta citação verdade? Será isso que constantemente acontece entre as relações humanas que percorrem o globo terrestre?

E se for? Não passaram esses sentimentos fingidos automaticamente a ser algo real, se acabamos por senti-los?

Se assim acontece, suponho que esses tais sentimentos não podem ser denominados «fingidos», no máximo são sentimentos criados por nós.

Não os fingimos, apenas criamos sentimentos que acabamos por assumir com total propriedade.

Tal atitude não é legítima? Quem o pode afirmar? A legitimidade desta criação deixou de ser questionável a partir do momento em que o Mundo inteiro se move num processo de incessante produção.

Essa volubilidade do Homem ao contrário do que poderia fazer prever contribui para a transformação de outro mecanismo num sistema de criação.

Se nada escapa a esse processo nada mais natural do que tornar algo tão espontâneo e sincero como as emoções humanas num princípio de pura decisão. Será?

A natureza do ser humano não lhe permite deixar o que quer que seja fora do seu controlo. Eu criei, eu possuo, eu decido!

E se uma única sensação «rebentar» fora do previsto, há que ter muito cuidado a lidar com ela. Não vá deitar tudo a perder...

1 comentário:

Anónimo disse...

Nenhuma emoção, no processo de sentir Humano, é fingida. Seja uma emoção justificada ou não, é sempre uma emoção que é sentida como todas as outras. Por outro lado, e simplificando a coisa, todas as emoções existem para ajudar no processo de decisão. Pode ser relativo a uma decisão especifica, ou a um conjunto de decisões gerais (como um modo de vida). Aquilo que etiquetaste como "emoção fingida", terá uma maior coerencia se for chamda de "emoção injustificada". Aqui, a justiça de uma emoção é relativa, ter razão ou não para nos sentirmos de uma determinada forma, é sem dúvida relativo e especifico de cada um. Assim sendo, avaliar a justiça de uma emoção é um processo exclusivamente individual. A ultima questão que se impõe é se uma decisão baseada numa emoção "não justa" ("não justa" para o indivíduo) é prejudicada por tal facto. Penso que aqui é especifico de cada situação. Existem situações em que devemos decidir com base no que "sentimos verdadeiramente", outras em que o que "sentimos verdadeiramente" leva-nos a tomar decisões erradas ou precipitadas. Por outro lado, existem situações em que "enganarmo-nos" criando uma emoção "falsa", facilita a tarefa de tomar uma decisão potencialmente mais dificil...