quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Impulses...


“Todo o impulso que nos apressamos em estrangular vem açoitar-se-nos no espírito e envenena-nos”

Oscar Wilde

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Vou viver, até quando eu não sei...

Sempre pensei que a felicidade seria algo que acabaria por alcançar. Se não me sentia feliz, realizada era porque estava ainda em fase de construir esse estado de graça.
Agora tenho medo. Medo de estar sempre num período de espera por essa tal felicidade e que esta fique pelo caminho e nunca chegue a tempo de me trazer uma vida próspera. Despertei para a realidade ao aperceber-me de que sendo a existência de cada um da sua inteira responsabilidade, se "ela" não me alcançar quem errou fui eu!
E ENTÃO EU TENHO MEDO DE DEITAR TUDO A PERDER.
Assusta-me a simples hipótese de chegar ao fim deste percurso e sentir-me frustrada. Sentir que a minha presença neste ciclo não teve qualquer sentido. De saber tudo o que idealizei não passou de meros planos, sem qualquer efeito concreto.
Mais uma vez receio. Que este meu medo bloqueie a minha força para lutar e que eu me deixe levar pela inércia de que tenho sofrido.
Tantos projectos...afinal criar ambições é o que nos permite evoluir. Serão as minhas demasiado elevadas em relação ao esforço que consigo suportar?
Mas são estes planos sustentam a réstea de esperança que sobrevive em mim.
Sinto um aperto no coração ao pensar se irão passar de castelos de areia criados por mim.
Porque tudo é tão efémero. A
felicidade são apenas rasgos momentos de alegria que fogem tão repentinamente como aparecem.
Carpe Diem é o que costumam dizer... porém há que aproveitar o dia preparando o nosso bem estar para um futuro...ainda que seja próximo.
Sempre pensei que seria de uma forma mais ou menos natural e relativamente despreocupada que conquistaria os meus objectivos com o desenrolar do tempo e dos acontecimentos. Nunca pensei que exigisse tanta dedicação ao ver que se está a ir por outro caminho...

Vou viver até quando eu não sei...

Humanos

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

O peso e a leveza

"Ao mesmo tempo, aparece-me outra imagem: a de Nietzsche a sair de um hotal de Turim. Vê um cocheiro a vergastar um cavalo. Chega-se ao pé do cavalo e sob, o olhar do cocheiro, abraça-se à sua cabeça e desata a chorar.
A cena passava-se em 1889 e Nietzsche, também ele, já se encontrava muito longe dos homens. Ou, por outras palavras, foi precisamente neste momento que a sua doença mental se declarou. Mas, na minha opinião, é justamente isso que reveste o seu gesto de um profundo significado. Nietzsche foi pedir perdão por Decartes ao cavalo. A sua loucura (e portanto o seu divórcio da humanidade) começa no instante em que se põe abraçado ao cavalo.
E é desse Nietzsche que eu gosto, tal como gosto da Tereza que tem ao colo a cabeça de um cão mortalmente doente e que a afaga. Ponho-os um ao lado do outro: tanto um como outro se afastam da estrada em que a humanidade, «dona e senhora da natureza», prossegue a sua marcha sempre em frente."
Milan Kundera, in A Insustentável Leveza do Ser

Uma noite...

Era noite. Estava frio. Caía uma chuva intensa que a impedia de ver quem quer que passasse lá fora enquanto espreitava por uma janela meio rachada. A única forma de ligação que encontrara com o mundo exterior.

Chegara a altura de ir embora, apesar de não ter qualquer ideia de como iria prosseguir. Pela primeira vez na sua vida encontrava-se sem qualquer plano. Apenas estava segura de que tinha de abandonar aquele lugar.

Preparava-se para sair quando repara num reflexo ao seu lado. Encontrara um espelho. Ali via reflectido o que dela ainda restava: um semblante lastimável. Ali descobre que nada revela com maior fidelidade os defeitos do ser humano.

Talvez por ser demasiado rigoroso esteja constantemente suscpetível a reacções irrascíveis. Torna-se o culpado do que exibe, quando é um inocente objecto que reproduz o que vê, sem qualquer responsabilidade sobre o seu alcance.

Desta vez também não é excepção. Uma pequena estatueta que por um infeliz acaso se achava em sua frente serviu para mais um rasgo de destruição naquela morada. O espelho reduz-se em mil bocadinhos, alguns deles sujos de sange. Ela cortara-se.

Esbaforida foge, sem saber de quê. Corre até onde as suas forças permitem. E os carros...ao chegar a meio da estrada recebe apitos ensurdecedores. Não era suposto estar ali.

Corre ainda mais. E ainda mais intimidada com o que se passa ao seu redor e com a chuva que lhe cai em cima do corpo e lhe molha as manchas de sangue que se vão acumulando na sua roupa...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Não fales...

Não fales. É a única forma de a razão permanecer do meu lado.
As tuas palavras serão com armas que sem grande esforlo derrotam a frieza que crio em mim para me proteger.


Os teus jogos ardis são poderosos mas apenas se te deixar falar.
Seduzes-me sempre com explicações dissimuladas, aparentemente impossíveis de contrariar.

Mas agora não. Não...Desta vez vais permanecer calado. A tua hábil subtileza que me domina foi revelada.
Talvez não fosse tão subtil como pensavas. Ou talvez os devios que dissimilavam excedessem os limites dessa convicção.

Assim forço-te ao silêncio, porventura a teu ver pertubador, contudo é a minha luz ao fundo do túnel.
E agora, como te sentes?
O que pensas restar de ti?
Em mim ganho a certeza de que nada perservas.

As perdas que sofreste foram demasiado vastas e os danos desta ligação irreparáveis.

Deverei reconsiderar? Estou segura de que de modo nenhum devo voltar atrás. Afinal não te poderei silenciar para sempre...